Numa comunidade do Agreste de PE, mulheres enfrentam preconceitos em nome da paixão pelo futebol.
Por Pedro Leal
No dia a dia da love.fútbol, uma das etapas do nosso trabalho é a identificação de comunidades. Na prática, visitamos localidades, conhecemos as pessoas e ouvimos as suas histórias. É comum que em alguns desses lugares a conexão aconteça logo nas primeiras conversas. São o que a gente costuma chamar de “comunidades love.fútbol”.
Nessas oportunidades, já no primeiro encontro, percebemos um pessoal apaixonado por futebol, com espírito de coletividade, boas histórias para contar e vontade de transformar o espaço de jogo. Quando isso acontece, a gente já consegue enxergar o projeto acontecendo, com a comunidade toda trabalhando em mutirões de fim de semana e um monte de crianças correndo com a bola no dia da inauguração.
Na comunidade de Lério de Cima, em Surubim, no Agreste de Pernambuco, visitada este mês, foi exatamente isso que vimos. Lá, conhecemos Joselma, de sorriso no rosto e uma história de paixão pelo futebol. “Sempre acompanhei e joguei, desde criança. Eu tenho anotado no meu caderninho todos os gols que marquei. São 302!”, ela conta, cheia de orgulho.
Joselma é uma das veteranas do primeiro time de futebol feminino da localidade: o Sport Lério, em homenagem ao Sport Club do Recife. Junto com as amigas, ela fundou a equipe há mais de dez anos.
Mas, com o passar do tempo, as boleiras do Sport Lério esbarraram no preconceito. “As pessoas diziam que futebol não era esporte pra mulher. A situação piorou quando as meninas foram casando e muitos maridos proibiam de jogar. O meu marido foi um deles. Com as dificuldades, paramos de jogar", nos contou uma das ex-jogadoras.
Há dois anos, porém, elas tiraram as chuteiras do armário e decidiram voltar a jogar. Não foi fácil, mas a equipe voltou com mais força. Decididas a seguir adiante, enfrentaram as imposições. “Ou a bola ou eu!”, disse um marido. “Pois já se sinta solteiro!", foi a resposta. "Um mês depois, ele estava vendo o jogo lá”, disse, com bom humor, Fatinha, veterana do Sport Lério.
"Jogar bola na minha infância e juventude foi um desafio. Passamos por cima de preconceitos e fizemos história. Fico feliz por saber que abrimos portas”, diz Joselma. Hoje, 20 meninas batem bola no campinho comunitário. E pela primeira vez, o time participou do Campeonato Municipal de Futebol de Surubim. #JogaPraElas, Sport Lério!
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